Município do interior do estado de São Paulo aposta em rotas gastronômicas e festivais para divulgar produtos
Em 2019, a produção no estado de São Paulo foi de 4,32 milhões de cabeças de alcachofra, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. O plantio está concentrado em três municípios: São Roque, Ibiúna e, principalmente, Piedade, que é o maior produtor do Brasil, com área plantada de 120 hectares.
O consumo dessa flor comestível ainda pouco conhecida, trazida ao Brasil há cerca de 100 anos pelos imigrantes europeus, cresce a cada ano puxado pela promoção do turismo rural nas regiões produtoras. São Roque exemplifica bem esse trabalho com o conhecido “Roteiro do Vinho”, formado pela Estrada do Vinho, Estrada dos Venâncios e Rodovia Quintino de Lima. O turista pode passear com seu veículo pela rota, visitar produções de alcachofras e degustar bons vinhos e outros produtos típicos.
Mercado
Alex Santiago de Moraes, dono de vinícola e produtor de alcachofra na região, conta que hoje, graças ao crescimento do turismo na cidade, com o “Roteiro do Vinho” e a “Expo São Roque”, quase toda a venda é concentrada dentro do município, atendendo turistas, moradores e restaurantes da gastronomia local.
“Basicamente, nós vendíamos as alcachofras ao mercado externo e, de uns 10 anos pra cá, nos baseamos cada vez mais no turismo, trazendo diversidade de produtos pra agregar no comércio. Hoje, podemos falar que em torno de 80% da propriedade gira em torno do turismo rural”, revelou.
Segundo Alex, o turismo é bom pra todos. “Os adultos ficam parecendo crianças. Andando no meio do alcachofral, eles acabam se divertindo. E isso, por outro lado, gera mais respeito pelo produto. A pessoa conhece mais, sabe como foi plantado e acaba dando mais valor. Sem falar que tem uma experiência nova pra levar pra casa”, disse.
Visitantes
Ana Lídia de Camargo é produtora de alcachofra em São Roque há cerca de 30 anos e ressalta que o consumo vem aumentando expressivamente de uns dez anos pra cá. De setembro a novembro é realizada a colheita e ela recebe vários visitantes que querem conhecer a plantação e experimentar os pratos que são preparados no restaurante do sítio, como lasanha, torta e quiche de alcachofra. Se a pessoa não quiser comer na hora, pode comprar os produtos congelados e levar pra casa.
Em sua propriedade, são realizadas rodas de conversa sobre o cultivo da planta e ela acredita que essa troca é essencial para o fortalecimento dos pequenos e médios produtores locais, mas que para aumentar ainda mais o número de visitantes, é preciso de divulgação.
“Acho que nós precisamos que nos ajudem na parte de divulgação, assim como criar e manter estruturas. Por exemplo, aqui no município, as estradas estão em ordem e agora com a associação dos produtores de alcachofra isso é muito bom porque um ajuda o outro”, salientou.